Você sabe como surgiu a administração?
Após as revoluções industriais e o crescimento desenfreado e desordenado das indústrias surgiram as primeiras Teorias da Administração ou escolas do pensamento administrativo. Era preciso substituir o empirismo por métodos científicos, aumentar a eficiência e fazer melhor uso dos recursos, que até então eram mal aproveitados.
A partir disso nasceu a primeira teoria e logo em seguida outras escolas da Administração surgiram, com os autores das teorias da administração aperfeiçoando métodos e propondo novas abordagens. E assim deu-se início à evolução das teorias da administração.
Mas será que essas práticas e metodologias ainda são aplicadas atualmente? Quais contribuições elas deixaram? Por que ainda são importantes? Quem criou a Administração? O que é a Teoria Geral da Administração? Quem são os pais da Administração?
Elaboramos este artigo para falar sobre como surgiu a administração e todos os aspectos sobre suas principais teorias. Esse tema, aliás, está em um de nossos cursos online mais procurados, o Curso Online Teorias da Administração.
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O que é a Teoria Geral da Administração (TGA)?
A Teoria Geral da Administração (TGA) é o conjunto de conhecimentos sobre as organizações e o processo de administrá-las, englobando princípios, proposições e técnicas que estão em constante desenvolvimento. Essa teoria é uma construção contínua que busca entender e aprimorar a maneira como as organizações funcionam e são gerenciadas.
A TGA teve seu início com a “ênfase nas tarefas”, destacada pela Administração Científica de Frederick Taylor, uma das primeiras escolas da Administração, que se concentrou na eficiência das operações e na otimização das tarefas.
A primeira evolução das teorias da administração iniciou com a mudança da “ênfase nas tarefas” para a “ênfase na estrutura”, influenciada pela Teoria Clássica de Henri Fayol, que focou na organização e nos princípios administrativos. Esse período também foi marcado por contribuições significativas, como o Fordismo de Henry Ford, que introduziu métodos de produção em massa, e a Teoria Burocrática de Max Weber, que enfatizou a importância de uma estrutura organizacional formal e racional.
Com o tempo, outra evolução das teorias da administração levou a Teoria Geral da Administração a evoluir para incorporar diferentes abordagens, como a Teoria Estruturalista, que analisa a relação entre as organizações e o ambiente social em que estão inseridas e a Teoria das Relações Humanas, que representou uma mudança significativa na forma de pensar sobre gestão e organização, destacando a importância do fator humano no ambiente de trabalho. Cada uma dessas contribuições ajudou a moldar o entendimento contemporâneo sobre administração, tornando a TGA uma área de estudo dinâmica e em constante evolução.
Um breve histórico das Teorias da Administração
É hora de saber quem criou a Administração ou quem são “os pais da Administração”! Entenda que não houve um criador, mas sim, empresários e estudiosos que desenvolveram algumas das teorias se baseavam para conduzir seus processos e que deram início às primeiras escolas da Administração.
Elaboramos uma linha do tempo das teorias da administração, com quatro das principais para, em seguida, discutir se elas ainda impactam nos modelos atuais de gestão.
A Administração Científica e a Teoria Clássica
Conheça os autores das teorias da administração que foram pioneiras e o que cada uma das escolas do pensamento administrativo representou.
O que é administração científica?
A primeira teoria foi a Administração Científica. Frederick Taylor, um dos primeiros autores das teorias da administração, estudou o trabalho dos operários, identificou os principais problemas dessa época e sugeriu que fossem implantados métodos científicos onde havia improvisação. Nascia então a Administração Científica.
A troca dos métodos empíricos pelos científicos ganhou a denominação de Organização Racional do Trabalho – ORT, que previa padronização das atividades e ferramentas utilizadas, divisão do trabalho, tempo para a execução das tarefas e supervisão, entre outros.
Henry Ford
Outro destaque da Administração Científica foi Henry Ford, cujo interesse, como empresário, era melhorar a produtividade e aumentar a produção. Tanto ele quanto Taylor deram uma contribuição inestimável à administração e até hoje qualquer produção em massa tem sua base nessa escola de administração.
Teoria clássica
Logo em seguida, surgia a Teoria Clássica, que tem como principal representante o engenheiro francês Henry Fayol. Sua contribuição se deu especialmente no pensamento sobre o conjunto de operações que formam as funções de uma organização; os elementos que constituem a ação de administrar; o conjunto de qualidades e conhecimentos necessários às pessoas que contribuirão nas organizações; e os princípios gerais da administração.
Qual a teoria de Frederick Taylor e Fayol?
Frederick Taylor e Henri Fayol são dois importantes teóricos da administração que desenvolveram abordagens influentes no início do século XX.
As principais ideias de cada um:
Teoria de Frederick Taylor – Administração Científica
- Ênfase na eficiência e produtividade
- Divisão do trabalho em tarefas simples e repetitivas
- Seleção científica e treinamento dos trabalhadores
- Cooperação entre administração e trabalhadores
- Padronização de métodos e ferramentas
Teoria de Henri Fayol – Teoria Clássica da Administração
- Definição das funções administrativas: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar
- Estabelecimento de 14 princípios de administração, incluindo:
- Divisão do trabalho
- Autoridade e responsabilidade
- Disciplina
- Unidade de comando
- Subordinação do interesse individual ao interesse geral
- Centralização
Ambas as teorias buscavam aumentar a eficiência nas organizações, mas com abordagens diferentes. Taylor focava mais nos processos e tarefas no nível operacional, enquanto Fayol concentrava-se na estrutura organizacional e nos princípios gerais de gestão.
Modelo Burocrático de Organização
O sociólogo alemão Max Weber dedicou-se a entender a autoridade racional, legal e burocrática. De suas pesquisas saiu a identificação do que ele chamou de “tipo ideal de organização burocrática”. Mas qual seria esse tipo ideal? De acordo com o autor, uma forma racional de moldar os meios de operação aos objetivos da organização, buscando-se a máxima eficiência.
Características da burocracia segundo Max Weber
São algumas características da burocracia, segundo o autor:
- Cargos e atividades delimitados por normas e regulamentos a fim de definir como a organização funcionará;
- Divisão sistemática do trabalho, com áreas específicas de competência, ou seja, explicar exatamente as obrigações da pessoa em sua função e dar-lhe autoridade para que a desempenhe;
- Princípio da hierarquia da autoridade, com o cargo inferior sob supervisão do superior e assim sucessivamente;
- Obrigatório o registro de decisões e normas, para que sejam entendidas e cumpridas sistematicamente.
Esse modelo se aplica a diversas organizações, como órgãos públicos, clubes, associações particulares, partidos políticos, Exército e outros.
A Teoria Estruturalista
Esta teoria da Administração provocou uma importante ruptura com relação às outras: passou a mostrar a organização como um sistema aberto, relacionado com outras organizações e com o ambiente.
O conceito da abordagem estruturalista da administração é de que a organização é um todo composto por partes que se interrelacionam. É importante salientar que a abordagem estruturalista da administração não é considerada única, e sim uma abordagem múltipla, pois considera os fundamentos das outras teorias – administração científica, clássica, das relações humanas e o modelo burocrático. A teoria estruturalista envolve:
Tópicos da teoria estruturalista
- Elementos da organização formal e informal;
- A organização e seu ambiente, considerando o todo: a organização, o grupo, as interações com outras organizações, relações com clientes etc;
- As empresas e outros tipos de organizações que as teorias anteriores não envolviam, pois se concentravam nas indústrias. Exemplos: clubes, hospitais, igrejas, prisões, escolas e serviços de assistência social, entre outros.
Teoria das Relações Humanas
Mais uma que faz parte da introdução à teoria geral da administração: a Teoria das Relações Humanas. Essa teoria nasceu das conclusões da Experiência de Hawthorne. Esse experimento foi uma reação à teoria clássica e afrontou os aspectos técnicos e formais com aspectos psicológicos e sociológicos.
A experiência foi conduzida por Elton Mayo e G. A. Pennock, na fábrica da Western Eletric Co., em Chicago. Somaram forças ao experimento de Hawthorne os estudos a respeito da psicologia dinâmica, de Kurt Lewin e alguns colaboradores, principalmente na compreensão de aspectos de liderança e comunicação.
Princípios fundamentais da teoria das relações humanas
Juntando todos os resultados e conclusões, delinearam-se os princípios fundamentais da teoria das relações humanas:
- Expectativas grupais determinam o nível de produção (em contraponto à capacidade fisiológica, da teoria clássica);
- Os trabalhadores reagem, muitas vezes, como membros de grupos e não individualmente. A administração deveria passar a enxergá-los como membros desses grupos de trabalho – passíveis de influências vindas deles – e não tratá-los um a um, como elementos separados.
- A liderança apareceu como de extrema importância para que se estabeleça normas de grupo. Ênfase para as lideranças informais, que são reconhecidas por seus grupos e que influem em seu comportamento. Já a liderança por parte dos chefes deve ser democrática e promover a participação dos trabalhadores nas decisões, fortalecendo o comprometimento do grupo com a organização.
Teoria Contigencial da Administração
Outras das teorias da administração que você precisa conhecer é a Teoria Contingencial da Administração é uma abordagem mais moderna que surgiu na década de 1960. Ela propõe que não existe uma única forma ideal de administrar que seja eficaz em todas as situações.
Vamos explorar os principais aspectos desta teoria:
Princípio básico:
- “Tudo depende” (é contingente) – não há uma única melhor maneira de administrar
- A eficácia da organização depende da adequação entre sua estrutura e as variáveis situacionais
Origens:
- Estudos de Joan Woodward, Tom Burns, G.M. Stalker, Paul Lawrence e Jay Lorsch
- Surgiu como uma crítica às teorias anteriores que buscavam princípios universais de administração
Fatores contingenciais:
- Ambiente: estabilidade, complexidade, diversidade do mercado
- Tecnologia: tipo de produção, nível de automação
- Tamanho da organização
- Estratégia adotada
- Cultura organizacional
Tipos de estrutura organizacional:
- Mecanicista: mais adequada para ambientes estáveis
- Orgânica: mais adequada para ambientes dinâmicos e incertos
Principais contribuições:
- Flexibilidade na gestão: adaptação das práticas administrativas ao contexto
- Visão sistêmica da organização: consideração de fatores internos e externos
- Ênfase na análise do ambiente: importância do diagnóstico situacional
Implicações práticas:
- Necessidade de análise constante do ambiente e da organização
- Adaptação das estruturas e práticas gerenciais às mudanças situacionais
- Desenvolvimento de habilidades de diagnóstico e flexibilidade nos gestores
Críticas:
- Pode ser vista como muito relativista, dificultando a formulação de princípios gerais
- Complexidade na aplicação prática, exigindo constante reavaliação e ajuste
A Teoria Contingencial representa uma evolução no pensamento administrativo, reconhecendo a complexidade e diversidade das organizações e seus ambientes. Ela enfatiza a importância da adaptabilidade e da análise contextual na gestão eficaz.
Essas teorias ainda norteiam os modelos de gestão?
Ao ler o artigo, você pode ter percebido que duas das teorias da administração ainda podem estar ligadas às gestões atuais das organizações.
O modelo burocrático, por exemplo, ainda está bastante arraigado no setor público e, de forma mais branda, no setor privado. Na verdade, não tem como deixá-la totalmente de lado, uma vez que normas e regulamentos e processos documentados são necessários aos negócios.
Ao analisarmos a teoria estruturalista, podemos perceber que ela foi a primeira a considerar a empresa como um todo, incluindo seus stakeholders.
A de relações humanas, por sua vez, foi a primeira a focar no capital humano. Podemos dizer que estava no caminho certo, mas que só no século 21 esse foco se tornou importante e as empresas realmente enxergaram os colaboradores como o principal recurso para que as empresas funcionem. Iniciava-se então uma nova era, a de gestão de pessoas.
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