Em qualquer discussão sobre Administração Pública, é fundamental entender o conceito de gestão do patrimônio público.
Trata-se do conjunto de atividades e procedimentos destinados a controlar e otimizar a utilização dos bens públicos.
A gestão adequada desses bens é uma responsabilidade significativa, pois impacta diretamente a qualidade e eficiência dos serviços públicos, além de representar a correta utilização do dinheiro do contribuinte.
Este artigo tem como objetivo esclarecer o que são bens públicos e por que o controle eficiente desses ativos é tão importante. A gestão patrimonial é uma área complexa e vital da Administração Pública que, quando realizada de maneira eficaz, pode trazer benefícios significativos para a sociedade e para o funcionamento do Estado.
Vamos explorar mais profundamente esse tema, enfocando a sua relevância e os desafios que se apresentam. Continue a leitura!
O que é gestão de patrimônio público?
A gestão de patrimônio público é um conjunto de atividades, processos e procedimentos que têm como objetivo administrar os bens, materiais ou imateriais, pertencentes às entidades federativas: União, estados e municípios.
Estes bens, sejam eles móveis, imóveis ou intangíveis, são fundamentais para o funcionamento adequado das instituições públicas e para a prestação de serviços à sociedade.
A gestão engloba desde a aquisição de bens públicos, passando pelo seu uso e manutenção, até sua eventual alienação ou descarte.
No âmbito dessa gestão patrimonial, é primordial que haja transparência, eficiência e responsabilidade. Afinal, estamos falando de bens financiados com recursos oriundos dos contribuintes.
Por isso, é imperativo que os órgãos responsáveis tenham um controle rigoroso sobre esses ativos, garantindo que sejam utilizados da melhor forma possível, evitando desperdícios e garantindo sua conservação e longevidade.
Ademais, essa gestão não é importante apenas sob a ótica da economia de recursos. Ela também está diretamente relacionada à capacidade do Estado de cumprir seus objetivos e prestar serviços de qualidade à população.
No Brasil, essa gestão é guiada por diversas normas e leis, sendo uma das mais relevantes a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.
A LRF tem como objetivo principal impor uma gestão fiscal responsável, transparente e sustentável, estabelecendo limites e condições para os gastos públicos. Ela é aplicada a todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e abrange não apenas a gestão financeira, mas também a gestão patrimonial.
Aqui estão algumas maneiras em que a gestão de patrimônio público se relaciona com a Lei de Responsabilidade Fiscal:
transparência e controle: a LRF exige transparência na gestão fiscal, incluindo a gestão do patrimônio público. isso envolve divulgar informações claras e precisas sobre todos os bens públicos, suas condições, valores e movimentações;
responsabilidade e planejamento: a lei impõe a necessidade de planejamento na aquisição, manutenção, e alienação de bens públicos, assegurando que essas ações estejam de acordo com o orçamento público e não comprometam a saúde financeira do ente governamental;
preservação do patrimônio: a gestão responsável do patrimônio público sob a LRF significa tomar decisões que preservem e valorizem os bens públicos, evitando desperdícios, danos ou uso inadequado que possa comprometer o patrimônio;
conformidade legal: a gestão do patrimônio público deve ser realizada em conformidade com as diretrizes da LRF, o que inclui respeitar os limites de gastos e endividamento e seguir procedimentos legais em todas as ações relacionadas ao patrimônio;
prestação de contas: a LRF exige que os gestores públicos prestem contas regularmente, demonstrando que estão administrando o patrimônio de acordo com as leis e regulamentações aplicáveis.
O que são bens públicos?
Bens públicos são aqueles pertencentes e geridos pelo Estado, seja em nível municipal, estadual ou federal, e destinados ao uso comum da população. Esses bens são financiados por meio de impostos e gerenciados pelo governo com o objetivo de atender às necessidades coletivas e promover o bem-estar social.
A gestão adequada de bens públicos é vital para garantir que sejam utilizados de maneira eficiente e para o benefício de todos, sem favorecimento ou exclusão de determinados grupos. Isso pode incluir regulamentações e políticas para garantir o acesso equitativo, a manutenção adequada e a preservação para as gerações futuras.
Entender o que são bens públicos implica em conhecer também as várias categorias em que são divididos, incluindo bens de uso comum, como praças, ruas, rios e mares; bens de uso especial, como edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual ou municipal; e bens dominicais, que constituem o patrimônio das entidades públicas, como um prédio não utilizado diretamente pelo Estado.
A administração e gestão desses bens são fundamentais para a manutenção da estrutura do Estado e para a oferta de serviços públicos à população. A gestão eficiente dos bens públicos garante que sejam utilizados de maneira adequada, conservados e melhorados, contribuindo para o bem-estar da população e para o bom funcionamento das instituições públicas.
São exemplos de bens públicos:
escolas públicas: são edifícios construídos e mantidos pelo governo, onde é oferecido ensino gratuito à população. são um bem público porque servem a comunidade, proporcionando educação e formação para todos, independente de renda ou status social;
hospitais públicos: são instituições de saúde financiadas e administradas pelo governo, onde se oferece tratamento médico gratuito ou a um custo baixo para a população. São essenciais para garantir a saúde e o bem-estar de todos os cidadãos;
estradas e rodovias: são vias de tráfego construídas e mantidas pelo governo. Permitem o deslocamento de pessoas e mercadorias entre diferentes locais, sendo fundamentais para a economia e a vida em sociedade;
parques e áreas de lazer: são espaços verdes ou áreas de lazer mantidas pelo governo para uso da população. Proporcionam espaços para recreação, exercício e convivência, contribuindo para a qualidade de vida das pessoas;
museus públicos: são instituições destinadas à conservação e exposição de arte, cultura e história. São financiados e mantidos pelo governo, proporcionando acesso à cultura para todos os cidadãos;
bibliotecas públicas: são instituições que disponibilizam livros, revistas, filmes, música e outros materiais para empréstimo ou consulta gratuita à população. Promovem a leitura, a educação e o acesso à cultura;
serviços de segurança: são serviços providos pelo governo, como polícia e bombeiros, que garantem a segurança e a ordem pública. Protegem a população e seus bens, sendo essenciais para a convivência pacífica em sociedade;
rede de saneamento: consiste em infraestruturas como redes de água potável, esgotos e tratamento de resíduos. São vitais para a saúde pública e para a preservação do meio ambiente;
transporte público: são serviços de transporte como ônibus, metrôs e trens, operados pelo governo ou sob sua concessão. Permitem o deslocamento de pessoas dentro de uma cidade ou região, sendo fundamentais para a mobilidade urbana;
universidades públicas: são instituições de ensino superior financiadas pelo governo, onde se oferece formação acadêmica e se realiza pesquisa. São essenciais para o desenvolvimento educacional, científico e tecnológico do país.
Qual a importância da gestão patrimonial no setor público?
A gestão patrimonial no setor público assume um papel de grande relevância, uma vez que é responsável pela administração e controle dos bens que compõem o patrimônio público.
Os benefícios de uma gestão de patrimônio público eficiente são múltiplos:
transparência e controle: a correta gestão patrimonial permite que os cidadãos, os órgãos de controle e a própria Administração Pública tenham clareza sobre quais bens compõem o patrimônio público, qual é o estado desses bens e como estão sendo utilizados. Essa transparência facilita o controle e a fiscalização, contribuindo para o combate à corrupção e ao uso inadequado do patrimônio público.
Em segundo lugar, a gestão patrimonial é essencial para a eficiência na utilização dos recursos públicos. Ao se ter um controle rigoroso sobre os bens públicos, é possível:
planejamento e uso eficiente dos recursos: identificar quais são as necessidades de manutenção, prever quando será necessário substituir um bem e planejar a aquisição de novos bens de forma estratégica.
Por último, sem uma gestão patrimonial eficaz, a própria capacidade do Estado de cumprir suas funções e de prestar serviços à população pode ser comprometida. Portanto, a gestão patrimonial é fundamental para:
qualidade dos serviços públicos: a garantia da disponibilidade e do bom estado dos bens públicos que são necessários para a prestação de serviços à população. Por exemplo, sem um controle adequado dos veículos públicos, pode haver dificuldades para a realização de serviços de limpeza urbana, de manutenção de vias, entre outros.
Quais as funções do controle patrimonial?
O controle patrimonial desempenha um papel crucial na gestão eficaz dos ativos de uma organização, seja ela pública ou privada. No setor público, essas funções assumem uma importância ainda maior, uma vez que estão diretamente ligadas à boa governança e ao uso adequado dos recursos públicos.
De forma geral, o controle patrimonial atua em três frentes principais. A primeira função do controle patrimonial é fornecer uma visão clara e atualizada dos bens que compõem o patrimônio da entidade. Isso inclui identificar todos os bens, classificá-los adequadamente (por exemplo, como bens de uso comum, de uso especial ou dominicais), avaliá-los e registrar todas essas informações de forma sistemática e padronizada.
Essa função é fundamental para a tomada de decisões sobre a utilização dos bens, sobre investimentos necessários para a sua manutenção e sobre a necessidade de aquisição ou alienação de bens.
A segunda função do controle patrimonial é a de monitoramento e fiscalização do uso dos bens. Isso envolve acompanhar como os bens estão sendo utilizados, verificar se estão sendo mantidos adequadamente e se estão cumprindo a finalidade para a qual foram adquiridos. Este controle permite identificar situações de uso inadequado ou ineficiente dos bens, de forma a corrigir essas situações e garantir a melhor utilização dos recursos públicos.
Por fim, a terceira função do controle patrimonial é a de prover informações para a prestação de contas e para a transparência. Por meio do controle patrimonial, é possível informar à sociedade, aos órgãos de controle e à própria administração sobre o patrimônio da entidade. Isso contribui para o controle social, para a fiscalização pelos órgãos de controle e para a gestão estratégica da entidade.
De forma específica, as funções do controle patrimonial são:
Registro
O registro é uma das funções primordiais do controle patrimonial. Consiste em documentar todas as informações relevantes sobre cada bem pertencente à entidade, como descrição, valor, localização, estado de conservação, entre outras. O registro permite o acompanhamento e a gestão adequada de cada item do patrimônio.
Tombamento
O tombamento é o ato de identificar um bem de maneira única e inconfundível, normalmente por meio de uma numeração sequencial. É uma maneira de organizar e facilitar o controle dos bens, evitando confusões e perdas.
Incorporação
A incorporação é o processo de adição de um novo bem ao patrimônio da entidade. Isso pode ocorrer por meio de compra, doação, produção interna, entre outros meios. A incorporação deve ser registrada de forma adequada, com todas as informações necessárias sobre o bem.
Guarda
A guarda envolve a responsabilidade sobre a proteção e a conservação dos bens. Isso pode incluir a definição de locais adequados para o armazenamento dos bens, a implementação de medidas de segurança, entre outros aspectos.
Controle
O controle é uma função central do controle patrimonial. Envolve o acompanhamento constante do estado e da utilização dos bens, permitindo a identificação de problemas e a tomada de decisões sobre manutenção, substituição, etc.
Movimentação
A movimentação se refere ao deslocamento de bens de um local para outro, seja dentro da mesma entidade ou para outra entidade. Essa função inclui o registro adequado de todas as movimentações, para garantir que a localização de cada bem seja sempre conhecida.
Preservação
A preservação envolve todas as ações necessárias para manter os bens em bom estado de conservação. Isso pode incluir manutenções preventivas, reparos, limpeza, entre outros.
Baixa
A baixa é o processo de retirada de um bem do patrimônio da entidade. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como venda, doação, obsolescência, perda, entre outros. Assim como a incorporação, a baixa deve ser registrada de forma adequada.
Inventário
O inventário é uma atividade periódica que consiste na verificação física de todos os bens da entidade. O objetivo é conferir se todos os bens registrados realmente existem e se estão em bom estado, além de permitir a identificação de possíveis bens não registrados. O inventário contribui para a precisão e a confiabilidade das informações sobre o patrimônio.
Como pode ver, há muito para falar sobre gestão de patrimônio público, não deixe de ler nosso próximo artigo: Como é a classificação de bens públicos e quais os tipos de patrimônio público?